sábado, 4 de agosto de 2012

Cara Amiga

Finalmente estás em Paris à cidade que encanta a todos pelo charme, elegância e alegria de viver. Claro que te acompanho em pensamentos nesta viagem de sonhos, onde podes aproveitar o convívio familiar. Para mim, não tem melhor companhia numa viagem do que pessoas a quem amamos e que tenham afinidades conosco. Sei que sempre alimentastes o sonho de viajar com o teu filho e eis que ele se realiza. Aproveita esses momentos inesquecíveis, quando podemos dividir emoções. Paris é sempre uma festa, seja em qualquer época do ano. Não foi em vão que os grandes artistas da humanidade, apesar das dificuldades de alguns, ali viveram e trabalharam. Lembro que Hemigway aventurou-se e foi trabalhar para pequenos jornais americanos e amargou muitas dificuldades, até tornar-se um grande escritor. Em Paris, amiga a gente ama a cidade e seus encantos. Tudo nela é radiante, por isso ser conhecida como a Cidade Luz. Ela é uma festa hoje e sempre. Poucas pessoas eu conheço que não a admire. Para ti ela não é novidade, mas a cada visita, vais descobrir mais e mais coisas para te encantar. O bom é que podemos ser pobres e ricos, pois o visual é para todos, basta ter olhos bem abertos e admirar os monumentos, pontes, rio, jardins, igrejas, bosques. Até mesmo os cemitérios são dignos de visita. Em Paris você descobre o passado com o pé no presente. Nas lojas de luxo e nos brechós sempre encontramos coisas para nos fascinar. Podemos sentar num café qualquer e saborear um bom vinho, assim como, ir ao Ritz e se aconchegar no charme de um Bar onde o luxo e a elegância fazem jus ao preço. Isto é Paris! Andar pelas ruas de ônibus, de Metrô e o melhor a pé. Assim podemos observar, sentir, viver o que é esta cidade dos reis loucos e extravagantes. mas que tantas belezas criaram. Nos museus, o passado é presente nas belas pinturas. Visitar as igrejas, ouvir no silêncio os órgãos que nos levam ao céu com os timbres sonoros da música, que também é eterna. Ah! Querida amiga, não olhe para baixo. Erga os olhos e veja a maravilha da arquitetura que envolve toda a cidade. Desça às margens da Sena e aprecie os livreiros que vendem histórias e sonhos. O mais importante: prometa que sempre voltará, pois Paris é para ser visitada muitas e muitas vezes. Beijos e saudades. Ag. 2012

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Para uma amiga irmã(Graça Melo "in memoriam"

No mundo encantado aonde habitas, talvez lembres de um 14 de Julho, data magna da República Francesa, que passamos em Paris. Eu, jamais esquecerei. Chegamos num domingo pela manhã e nos hospedamos no acolhedor Hotel de Suez, situado no Blv.St.Michel. O tempo estava magnífico com o sol derramando-se por todos os parques, ruas e avenidas. Cafés repletos de turistas, pessoas das mais variadas etnias, formavam um caleidoscópio de cores. Que bela visão para os meus olhos sedentos de coisas novas. A cidade engalanada de “bleu, blanc, rouge”, com milhares de bandeiras francesa e os jardins cobertos de flores das mais variadas cores e matizes, oferecendo-nos um magnífico quadro impressionista. Finalmente chegou o grande dia. Saímos cedo para o Champs Elysées onde aconteceria o desfile militar. O táxi nos deixou longe e caminhamos a pé por não sei quanto tempo. Ficamos exaustas. Lembro das tuas loucuras para fotografar os garbosos soldados vestidos em suas roupas de gala. Almoçamos no Restaurante estilo “Belle Époque”, em Montparnasse e fomos para outro ponto importante de Paris. A Praça da Bastilha, onde uma multidão cantava a Marselhesa. Uma alegria nunca vista. É realmente uma festa do povo. A música espalhadas pelas orquestras levava todos a dançar. Nós parecíamos crianças deslumbradas. Como estávamos felizes. A festa continuou no largo da Torre Eiffel onde permanecemos por mais de três horas esperando o espocar dos fogos de artifício. Passava da meia-noite, quando famintas, encontramos um restaurante e fomos jantar. Aí brindamos ao nosso amor por essa encantadora cidade, falando da loucura do nosso dia. Nunca Paris foi para nós tão bela e festiva e, ao caminharmos sem destino pelas suas ruas, perdemos a noção do tempo e o Metrô. Felizes, de faces coradas pelas muitas taças de champanhe, voltamos para o Hotel na madrugada parisiense. Hoje, novamente num “14 Juillet”, sinto saudades de ti e de Paris. Julho 2012.

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Meu querido amigo

Pensei que nunca mais poria os pés neste encantador País. Os anos passam tão rápidos. Ou somos nós que passamos por eles? Sentada num ensolarado dia num dos meus cafés preferidos, o Flore, faço o que mais gosto. Observo o mundo passar nos variados tipos de gente e sinto uma fantástica sensação: ninguém me conhece! Assim, como se eu habitasse uma outra galáxia. E agora pergunto: e tu amigo de tantas confidências e lembranças, qual será a tua morada? As cartas que escrevo percorrem um caminho sem fim à tua procura e nunca recebo uma resposta. A última que recebi faz tanto tempo, que já esqueci o mês e o ano. Lembro apenas que estavas numa pequena cidade da Provença e ao passar num campo de girassóis, lembrastes de mim enviando um belo cartão. Nele falavas de amor e paixão. Pela milionéssima vez conquistavas uma nova mulher. És perito na arte da paixão e, assim, oferecias-lhe uma porção de sonhos o que sabes fazer muito bem. Sendo tua velha amiga e confidente, ri ao ler as palavras de entusiasmo e a promessa: desta vez é para sempre. Apenas questionei: quanto durará a eternidade dessa paixão? Desejei e isto é a pura verdade, que a mosca azul do amor picasse forte o teu coração e dele nunca mais saísse. Aí me vens com esta triste história e, que tragédia! Estás realmente caído e tentas a todo custo uma reconquista, mesmo sabendo que não há reciprocidade. Cuidado amigo, pode te custar muito caro. Foi preciso deixar o tempo passar para ficares à mercê de uma mulher. É isso aí. Há um ditado que diz: “quem com muitas pedras mexem, uma lhe cai na cabeça”. Cuidado para não te “ferrares” como dizem os jovens do nosso tempo. O amor é o maior pregador de peças do mundo. Assim, respondo ao teu cartão, desejando de coração que sejas muito amado e feliz. Paris,

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Amigo do Coração

Escolhi uma pequena ilha do litoral norte para comemorarmos o teu aniversário. Só uma vez tivemos esta oportunidade, assim mesmo cercados de amigos. Agora não, estamos sós, num local ainda pouco visitado pelos turistas, pois o verão está frio e o tempo é chuvoso. O mar, coberto por brumas cinzentas continua no seu eterno vai e vem de ondas brancas e sorridentes, indiferentes ao tempo que passa derrubando sonhos e esperanças. Hoje, somos quase velhos. Fui ao pequeno e acolhedor “Bistrô” e mandei preparar um jantar especial para nós dois: “grenouilles à la provençal”, acompanhado de um “Chateau Latour, domaine Puillac, bordeaux, 1975”, um vinho jovem é verdade, mas para nós, é bom ter um pouco de juventude, pelo menos no vinho. Vi que estavas cansado da viagem e deixei que ficasses sozinho no hotel, assim descansarás para a noite que será muito especial. Sei que irias te preocupar pelo fato de sair sozinha numa tarde fria e chuvosa, enfrentando ventos fortes. Mas era necessário. Senão, como iria preparar a surpresa? Além do mais, eu também precisava caminhar e aproveitar o mar, bem sabes o quanto ele me agrada quando está bravio. O meu presente será esta carta, a qual redijo no Mirante, num ponto isolado da ilha. Tenho á minha frente lápis e papel e um forte “congnac” que saboreio aos poucos, uma forma de aquecer o corpo e a alma. Quero deixar aqui a minha carinhosa mensagem de parabéns. Lembras-te que um dia nós falamos: “quando formos velhos o calor da paixão irá aquecer os nossos corações." Agora vivenciando o inverno da vida quero dizer para ti que, mesmo com o furor sexual amortecido, dentro de nós, ainda existe muito fogo e paixão. De ontem para hoje espaçosas décadas nos separam, mas os sentimentos continuam jovens tal qual o vinho que irá nos aquecer à noite. Antes de retornar, irei me preparar para ti como uma noviça; Aos teus olhos não serei a velha senhora de formas arredondadas, cabelos rareando e rugas teimosas, que arrebentam os cremes mágicos de beleza e teimam em se mostrarem. Quero que me vejas como uma sílfide saindo das ondas, coberta pelos raios prateados do luar, entregando-te não só o corpo, como também a alma, num louco banquete de amor. Feliz aniversário amigo irreal, habitante de uma galáxia perdida.

quinta-feira, 15 de março de 2012

Amigo do Coração


Hoje estou muito saudosa e por isso resolvi retornar a um tempo passado quando, sem nada de especial para fazer passava horas escrevendo para ti, discorrendo sobre os encantos desta fascinante cidade.Sim, estou em Paris e por alguns dias, sou hóspede do Méridien, hotel elegante, sóbrio e muito charmoso.
Vez por outra, paro e penso em ti. Quando será que teremos Paris só para nós? Este é um sonho que alimento através dos tempos. Por quantas e quantas vezes aqui estive e o ciclo das impossibilidades se repete. Acho querido amigo, que vou arquivá-lo num lugar secreto do coração para quando o esquecimento chegar eu possa retomá-lo e voltar a sonhar.
O que mais me encanta nesta época, o Outono, é o dourado das folhas caindo no chão, despindo ás árvores igual ao homem faz com as mulheres no ritual do amor. A luz do sol refletindo-se nas folhas caídas dando-nos a impressão de um tapete de ouro.
Fui à Roma, Florença e Veneza por uma semana. Elas, como sempre acontece, estavam repletas de turistas e sempre lindas e românticas.
Para encerrar a viagem voltei e, por uma semana serei livre para voar e dona de mim. Por isso amo tanto esta cidade. Vou aproveitar e conhecer os seus arredores onde encontramos belezas arquitetônicas e históricas, num mundo rico de cultura e arte. Sem falar nos “Bistrôs” onde podemos degustar o melhor da cozinha francesa, e o melhor, gastando pouco.
Tenho a lamentar que o tempo aqui para mim seja sempre curto, infelizmente preciso voltar. Beijos saudosos da amiga catadora de sonhos e ilusões. Paris, outono.

domingo, 4 de março de 2012

Meu querido


Apesar do inverno estar castigando o solo europeu neste ano, resolvi enfrentá-lo, esperando logo mais o ressurgir da primavera. Por isso estou em Paris sob ventos gelados debaixo do mais puro céu azul. Esta cidade será sempre o meu refúgio. Nós nos pertencemos desde tempos imemoriais. Aqui vivi várias vidas, disso tenho certeza.
O meu espírito imaterializado viajou pelos mais variados estágios acompanhando a sua evolução. Eu e Paris temos afinidades tais, que uma está sempre com a outra. Somos um ser no outro ser, como soube tão bem dizer Simone de Beauvoir com relação a Sartre.
O maior paradoxo é que estou sempre, ou quase sempre só: eu e Paris. Cheguei a pouco e a manhã ainda está encoberta pelas brumas, mas o verde já se faz presente nas árvores, sinal de que em breve a estação das flores arrebentará. Vou para o Hotel Lutécia no Blv. Raspail, o meu preferido: é sóbrio e elegante como a cidade.
A mulher morna dos trópicos invade a silenciosa e fria manhã. Apesar de alguns anos acumulados, sou como o vinho: bem conservada. Ponho um mantô vermelho que rejuvenesce e dá brilho, esta é a cor da paixão. Tudo em mim se renova. Renasço todas as vezes que aqui chego.
O meu alumbramento é o mesmo de sempre. Vejo Paris com os olhos daqueles que amam com intensidade: a cada encontro é como se fosse à primeira vez. Eu e ela temos uma longa história de encontros e desencontros, alegrias e tristezas, amor e desamor.
Sigo sob o intenso frio e vou visitar os Jardins de Luxemburgo. Gosto de caminhar ao longo dos bulevares vendo pessoas estranhas, entrando nos cafés apressadas. Paro, e me detenho nos balcões onde os frutos do mar se exibem num apetitoso convite ao almoço. É cedo, prefiro me exercitar na caminhada.
Sou a mulher invisível, ninguém me conhece. Adoro este anonimato, sou a imagem dos meus sonhos. Chego aos jardins. Respiro fundo, o ar me renova a alma, rio e sou feliz. Acompanho os pássaros que voam ansiosos na espera que as flores arrebentem e eles possam sugar-lhe o néctar, como o seio da amada. Crianças brincam e correm. Velhos casais caminham de mãos dadas indiferentes às cinzas do tempo que lhes pincelam os cabelos de raios prateados.
Entro num café e peço uma taça de vinho rouge, acompanhada de pão e queijo. Descanso o corpo, enquanto o espírito volátil corre em busca das lembranças. Meus olhos seguem as copas verdes das árvores e lembro o mar da minha cidade. De repente, entristeço. Estou com saudades. Desejo um ombro amigo para chorar. As lágrimas rolam e misturam-se com o vinho.
Discretamente, passo as mãos pelo rosto. Gosto de escrever nos cafés quando viajo, é uma forma de conversar com o meu anjo, presença oculta que me acompanha sempre. Ele é fiel, discreto, conhece bem a mulher, suas angústias e saudades.
Enxugo as lágrimas e continuo a escrever esta carta endereçada ao vento. Quem sabe, um dia terei em Paris um amigo, um companheiro, com quem possa dividir o meu amor e a louca paixão que sinto por esta cidade. Paris, 2002.

Querido Amigo


Meu querido,

Estou sempre voltando a esta encantadora cidade de Paris. Tenho certeza de que nunca vou me cansar de caminhar pelas suas ruas em qualquer época do ano. Faz tempo que não deixo a minha ensolarada cidade do Recife para enfrentar os ventos frios e brumas, tão constantes nessa época do ano.
Eis que se apresenta uma oportunidade e não resisto. Vou passando pelo tempo que me maltrata de todas as formas. Lembro-me bem, quando caminhava por essas mesmas avenidas, usando elegantes sapatos altos, cabelos soltos esvoaçantes e faces coradas. A própria felicidade encarnada na mulher tropical, livre, leve e solta.
Hoje, mais comedida, novamente só, retorno aos pontos tão conhecidos fazendo um itinerário proustiano, onde a cada momento, eu me deparo com o ontem o trazendo inteiro para o aqui e agora.
Vim para os jardins de Luxemburgo, entro no meu café preferido, perto da Fontana dos Médicis e sorridente, cumprimento o gordo e bonachão Mâitre que, atencioso me acompanha até a pequena mesa. Parece que somos velhos conhecidos.
Sento e pouso as mãos marcadas pelo tempo sobre a colorida toalha, enquanto chega o cardápio. Não preciso ver. Dessa vez, para espanto do M. Dupuy peço uma taça de champanhe e morangos. Está acostumado a me servir “bordeaux rouge”.
Observo as pessoas que passam apressadas, conversando, rindo, gesticulando. Parece que todos aqui estão correndo para algum encontro. Alguém, sobriamente vestido, com um chapéu caído sobre a testa me cumprimenta acenando. Não sei quem é talvez, tenha me confundido.
Aí penso, todas as pessoas de meia-idade são parecidas. Não importa, ainda quero vir muitas vezes a este Café. Não tenho pressa nem hora marcada com ninguém, sou dona absoluta do meu tempo. Apanho um bloco e começo a fazer pequenas anotações.

Vim vez à Paris disposta a criar um roteiro sentimental para os amantes. Para isso, é necessário estar acompanhada de um bom vinho ou de alguém interessante. Faço uma lista dos lugares que pretendo revisitar nesses dias que irei flanar por aqui. O telefone toca e uma velha amiga diz que soube da minha presença na cidade.
Combinamos um encontro nas colinas de Montmartre quando o sol for se esconder. Estou rindo e lembrando de um outro fim de noite, quando cansados, sentamos nas escadas da bela Sacre Coeur com uma garrafa de Cidra na mão (o pequeno restaurante ia fechar e fomos postos pra fora). Que noite! Depois descemos e fomos dançar no Pigalle, não sei onde, mas que foi maravilhoso disso tenho certeza e jamais esquecerei.
Pois é querido amigo, Paris é sempre uma festa para todos aqueles que são apaixonados por ela. Abraços carinhosos com sabor de champanhe e morangos da amiga. Jardins de Luxemburgo. Paris

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Amigo do Coração

Eis-me novamente em Paris, dessa vez para uma longa temporada realizando um sonho há muito desejado. O tempo passado alicerçando este projeto teve muitos mil dias, mas até que enfim aconteceu. Revisitando este mundo tão meu volto para reencontrar as várias mulheres que fui. Não sei qual delas eu gostaria de ser agora. É verdade que a essência é a mesma, a gente não muda, apenas nos acomodamos ao que a vida nos impõe. Escolhi uma pequena cidade banhada pelo Mediterrâneo para vivenciar esses dias de sonho sentir e abraçar o mar. Como sabes, ele e eu mantemos uma forte relação. É o único dos meus amores que possuiu o meu corpo e a minha alma por inteiro. Nunca questionei a sua fidelidade, não me importava. A ele eu me entregava sem nada pedir em troca. Quando me jogava nos seus braços queria desaparecer na sua infinitude. Ele, porém sempre me devolvia para as areias mornas da praia, deixando que a lua e as estrelas me cobrissem de luz. Muitas vezes travamos lutas violentas. Rancoroso, exercia a sua força fazendo de mim um nada, jogando-me sobre penhascos e redemoinhos e eu, qual sereia encantada, ria e zombava do seu poder. Às vezes passava tempos e tempos sem lhe dar a mínima atenção. Preferia seguir caminhos montanhosos e verdejantes aspirando o cheiro da terra, alimentando-me de frutos e flores. Outras vezes sentia falta dos seus abraços molhados, dos beijos lascívos sobre o meu corpo e era esse desejo do toque, que me levava de volta. Por isso amigo, estou aqui sentada neste penhasco, ouvindo o forte barulho do amante raivoso. Hoje não tenho mais força nem coragem para jogar-me de novo nos seus braços. O mais que posso fazer é deixar que ele venha beijar os meus velhos e cansados pés. Assim, retorno ao ontem, sentindo uma doce e quente saudade. Beijos molhados com cheiro de maresia.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Querido Amigo


Convidada por um simpático casal franco brasileiro, Monique e Gláucio Firmino, estou em Vienne cidade construída sobre ruínas romanas, com monumentos que ainda resistem à passagem do tempo. O Museu é uma história viva. Apesar de estarmos perto da civilização, temos a sensação que retrocedemos milhares de anos no tempo.
Não imaginas o carinho com que fui recebida por eles que moram numa linda casa situada a poucos quilômetros do centro, coberta de flores e cercada de magníficos campos verdes. Monique uma francesa inteligente e carismática, que no passado foi para o Brasil como voluntária, apaixonou-se por um pernambucano, casaram e hoje com um casal de filhos, estão divididos entre dois mundos.
Não preciso dizer que, como boa dona de casa, a anfitriã é uma excelente cozinheira e nos deliciamos com os seus gostosos quitutes, sempre regados a um excelente vinho. Para mim, conhecer a intimidade de uma família francesa foi outra maneira de gostar e admirar não somente o país, como também o seu povo.
Quem me proporcionou esta oportunidade de conhecer pessoas tão maravilhosas e hospitaleiras foi Alcina, amiga de muitos anos, que mora na Espanha. Encontramos-nos em Montpellier e partimos de carros desbravando e conhecendo lindas cidades, visitando Castelos, passando por campos cobertos de dourado, numa visão bela e inesquecível da Provença.
De Arles, seguimos estrada afora parando onde nos desse vontade. Assim passamos em várias vinícolas, onde nos deliciamos provando e saboreando os seus deliciosos vinhos. Uma viagem etílica, com certeza. Sei que irias adorar.
Daqui vou seguir de TGV para Paris onde ficarei ainda por alguns dias curtindo com paixão, toda a beleza e encanto dessa cidade que não me canso de amar. Sei que para mim, voltar é sempre um sonho que pretendo repetir por muitos e muitos anos. Sei também que tempo corre e lamento não ter condições para vivenciar ainda que, por alguns meses, os encantos dessas pequenas cidades, o que é realmente para mim, uma pena! Abraços e saudades. Outono de 2011.

sábado, 14 de janeiro de 2012

Querido Amigo





Esta semana terá para mim cinco estrelas. Decidi voltar a Rivieira Francesa. Estou no Hotel Meurice que, como sabes, é chique e elegante. Com gente rica e famosa. E eu, quem sou? Não importa. Alimento meus sonhos e aproveito a oportunidade que a vida me oferece.
Saio e vou caminhar pela famosa “Promenade des Anglais” e visitar o Museu Masséna (coleção de pinturas, fotografias e objetos de cerâmicas, jóias, armaduras de Napoleão e do Marechal Masséna) e depois rever as belas telas de Chagal, para deslumbrar a vista.
No final da avenida, há um elevador de onde podemos apreciar a linda vista da “Baie des Anges”. Segui parai a parte medieval da cidade chamada Vieux Nice. Depois de andar pelas ruelas, a maioria repleta de casas coloridas, visitei o mercado e fui descansar na “Promenade des Anglais”, onde podemos sentar em cadeiras gratuitas para apreciar o pôr do sol.
Hoje fui ai Mônaco, um pequeno principado de apenas 1.500 quilômetros quadrados, que esteve sob o comando da Espanha, França e Sardenha. Emanicipou-se em 1861, tendo príncipe Rainner assumido o comando. Hoje é governado pelo príncipe Alberto. Uma das atrações desse pequeno Reino é Museu Oceanográfico e o Napoleônico que guarda objetos pessoais de Napoleão, além da Catedral,construída em 1875, onde estão enterrados os membros da realeza.
É quase noite. Vou conhecer o Cassino. (parte dele foi construída em 1878). Nele precisamos ter todo cuidado com os seguranças. Eles te olham da cabeça até aos pés. Não sei como me deixaram entrar.
Estou agora meu caro amigo, deslumbrada com as luzes e a paisagem deste pequeno principado. Acompanhada de uma borbulhante taça de champanhe e não tendo ninguém para trocar idéias, o melhor que faço é deixar as palavras correrem no frio papel, assim não deixarei passar nada de um mundo fascinante e irreal, pelo menos para mim.
Acabei de chegar do Cassino onde realizei o sonho dos panos verdes e joguei uns parcos dólares. Acho que até as moedas riram da minha tolice! Aqui as pessoas jogam fortunas, mas é assim: todo sonho tem um preço. Em compensação, tive um excelente jantar regado a um magnífico vinho. Para mim, tudo vale a pena, sigo literalmente o poeta Fernando Pessoa.
No dia seguinte, fui a Côte d’ Azur. São 150km, beirando o mar Mediterrâneo pela estrada N-98. Fazia um pouco de frio, pois estávamos no outono. Segui depois para Cannes. A cidade estava se preparando para receber os participantes do G-8 e por isso havia um segurança em cada canto.
Cannes também foi palco da famosa costureira Coco Chanel, que propagou o bronzeamento de pele nos anos 20, tornando-se uma moda em todo o litoral. Desci pela “Croisette” (parece uma paisagem de cinema) até o “Palais des Festivals”.
Finalmente, parei na cidade velha de Cannes, onde existe uma torre famosa do século XIV. Vim encontrar um amigo para juntos curtimos a Rivieira. Ele, um elegante e gentil senhor, não é muito chegado às mulheres. Não importa, eu não preciso de me amparar em homens, preciso sim, de uma boa companhia.
Aqui a noite acaba realmente com o nascer do sol. Da varanda do hotel, vislumbro um belo céu estrelado e ouço lá embaixo sons de uma orquestra tocando musicas românticas, aí sim, vem uma saudade grande e gostaria de ter alguém querido para dançar bem juntinho.
Várias atrações estão acontecendo e saímos de carro para visitar as praias, aproveitando o belo sol de outono. Pelas ruas circulam gente de vários países. Nas areias douradas da praia, mulheres de todos os tipos, jovens e velhas, feias e bonitas, exibiam seus corpos seminus. Algumas caminhavam naturalmente, com os peitos à amostra. Tenho certeza que corei, apesar de estar acompanhada de um homem civilizado.
Passamos por pequenas cidades, uma atrás da outra, tudo como num país de fantasia. Em Juan les Pin chamou à minha atenção nas ruas homens e mulheres idosos, outros velhíssimos, mas quase todos elegantes e bonitos, apesar de alguns beirarem ao ridículo. Mas com certeza ricos e cheios de vida. Muitos deles, mesmo com a idade avançada, pedalam bicicletas levando compras, num vigor de causar inveja.
Voltamos para Nice e a noite foi magnífica. Jantamos no Negresco, famoso hotel que no passado era o preferido dos escritores, poetas e estrelas do cinema. Um lugar lindo. Parecia estar num sonho. À minha volta homens charmosos, mulheres elegantes e cobertas de jóias. Um mundo bem longe da minha realidade. Dançamos até tarde e depois nos despedimos. Agradeci a companhia do amigo e voltei para o Hotel.
Adormeci e acordei cedo com o toque do telefone. Desci para o café da manhã. Em seguida partimos para St. Paul de Vence e novamente fiquei estonteada da mágica beleza dessa encantadora cidade amada pelos grandes nomes da pintura universal. Almoçamos no “La Colombe d´Or”, onde no passado Picasso e outros artistas pagavam com seus quadros as refeições consumidas. Hoje o Restaurante é um quase museu. Que belo fim de semana amigo. Abraços com ternura e afeto. Cannes, Outono de 2011.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Amigo do Coração


Este ano resolvi vir à França numa excursão com pessoas simpáticas e solidárias. Vamos visitar algumas das pequenas cidades que fazem desse país um mundo rico e maravilhoso. Pela primeira vez vou conhecê-la de Norte a Sul. Saímos de Paris com destino à Normandia.
Visitamos Angers, Arromaches, cidade museu que guarda a história do desembarque das tropas na segunda guerra mundial. É interessante a gente ver através dos séculos fatos que fizeram à história. De Caen partimos para Dinard onde já estive num passado longínquo, jovem e com o coração cheio de amor por este país.
Apesar do tempo passado o entusiasmo permanece por essa terra dos Louíses. São épocas diferentes, mas a mulher é a mesma de ontem. Leve, livre e solta. Prosseguimos a viagem e almoçamos em St. Malo, cidade banhada pelo Atlântico com um porto muito importante. No verão é o refúgio dos franceses e turistas.
Agora, depois de quase três décadas volto ao Monte St. Michel e lembro do animado grupo de amigos que me acompanharam e do meu quase desmaio ao chegar ao alto da montanha. Nada mudou. As paisagens são estáticas e permanecem vivas através dos séculos. Feliz o povo que sabe conservar a sua história. Hoje, me limito a caminhar pelas ladeiras centenárias agradecendo a Deus tantas benesses.
Todas as vezes que venho aqui manifesto o desejo de um dia poder passar uma longa temporada numa pequena cidade, conviver com o seu povo e entender melhor os seus costumes. Apesar de amar demais a minha família ainda não desisti da idéia. Aí sim eu deixaria o meu coração para sempre. Abraços com muitas saudades da amiga. Normandia, outubro de 2011,