segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Querido Amigo


Convidada por um simpático casal franco brasileiro, Monique e Gláucio Firmino, estou em Vienne cidade construída sobre ruínas romanas, com monumentos que ainda resistem à passagem do tempo. O Museu é uma história viva. Apesar de estarmos perto da civilização, temos a sensação que retrocedemos milhares de anos no tempo.
Não imaginas o carinho com que fui recebida por eles que moram numa linda casa situada a poucos quilômetros do centro, coberta de flores e cercada de magníficos campos verdes. Monique uma francesa inteligente e carismática, que no passado foi para o Brasil como voluntária, apaixonou-se por um pernambucano, casaram e hoje com um casal de filhos, estão divididos entre dois mundos.
Não preciso dizer que, como boa dona de casa, a anfitriã é uma excelente cozinheira e nos deliciamos com os seus gostosos quitutes, sempre regados a um excelente vinho. Para mim, conhecer a intimidade de uma família francesa foi outra maneira de gostar e admirar não somente o país, como também o seu povo.
Quem me proporcionou esta oportunidade de conhecer pessoas tão maravilhosas e hospitaleiras foi Alcina, amiga de muitos anos, que mora na Espanha. Encontramos-nos em Montpellier e partimos de carros desbravando e conhecendo lindas cidades, visitando Castelos, passando por campos cobertos de dourado, numa visão bela e inesquecível da Provença.
De Arles, seguimos estrada afora parando onde nos desse vontade. Assim passamos em várias vinícolas, onde nos deliciamos provando e saboreando os seus deliciosos vinhos. Uma viagem etílica, com certeza. Sei que irias adorar.
Daqui vou seguir de TGV para Paris onde ficarei ainda por alguns dias curtindo com paixão, toda a beleza e encanto dessa cidade que não me canso de amar. Sei que para mim, voltar é sempre um sonho que pretendo repetir por muitos e muitos anos. Sei também que tempo corre e lamento não ter condições para vivenciar ainda que, por alguns meses, os encantos dessas pequenas cidades, o que é realmente para mim, uma pena! Abraços e saudades. Outono de 2011.

sábado, 14 de janeiro de 2012

Querido Amigo





Esta semana terá para mim cinco estrelas. Decidi voltar a Rivieira Francesa. Estou no Hotel Meurice que, como sabes, é chique e elegante. Com gente rica e famosa. E eu, quem sou? Não importa. Alimento meus sonhos e aproveito a oportunidade que a vida me oferece.
Saio e vou caminhar pela famosa “Promenade des Anglais” e visitar o Museu Masséna (coleção de pinturas, fotografias e objetos de cerâmicas, jóias, armaduras de Napoleão e do Marechal Masséna) e depois rever as belas telas de Chagal, para deslumbrar a vista.
No final da avenida, há um elevador de onde podemos apreciar a linda vista da “Baie des Anges”. Segui parai a parte medieval da cidade chamada Vieux Nice. Depois de andar pelas ruelas, a maioria repleta de casas coloridas, visitei o mercado e fui descansar na “Promenade des Anglais”, onde podemos sentar em cadeiras gratuitas para apreciar o pôr do sol.
Hoje fui ai Mônaco, um pequeno principado de apenas 1.500 quilômetros quadrados, que esteve sob o comando da Espanha, França e Sardenha. Emanicipou-se em 1861, tendo príncipe Rainner assumido o comando. Hoje é governado pelo príncipe Alberto. Uma das atrações desse pequeno Reino é Museu Oceanográfico e o Napoleônico que guarda objetos pessoais de Napoleão, além da Catedral,construída em 1875, onde estão enterrados os membros da realeza.
É quase noite. Vou conhecer o Cassino. (parte dele foi construída em 1878). Nele precisamos ter todo cuidado com os seguranças. Eles te olham da cabeça até aos pés. Não sei como me deixaram entrar.
Estou agora meu caro amigo, deslumbrada com as luzes e a paisagem deste pequeno principado. Acompanhada de uma borbulhante taça de champanhe e não tendo ninguém para trocar idéias, o melhor que faço é deixar as palavras correrem no frio papel, assim não deixarei passar nada de um mundo fascinante e irreal, pelo menos para mim.
Acabei de chegar do Cassino onde realizei o sonho dos panos verdes e joguei uns parcos dólares. Acho que até as moedas riram da minha tolice! Aqui as pessoas jogam fortunas, mas é assim: todo sonho tem um preço. Em compensação, tive um excelente jantar regado a um magnífico vinho. Para mim, tudo vale a pena, sigo literalmente o poeta Fernando Pessoa.
No dia seguinte, fui a Côte d’ Azur. São 150km, beirando o mar Mediterrâneo pela estrada N-98. Fazia um pouco de frio, pois estávamos no outono. Segui depois para Cannes. A cidade estava se preparando para receber os participantes do G-8 e por isso havia um segurança em cada canto.
Cannes também foi palco da famosa costureira Coco Chanel, que propagou o bronzeamento de pele nos anos 20, tornando-se uma moda em todo o litoral. Desci pela “Croisette” (parece uma paisagem de cinema) até o “Palais des Festivals”.
Finalmente, parei na cidade velha de Cannes, onde existe uma torre famosa do século XIV. Vim encontrar um amigo para juntos curtimos a Rivieira. Ele, um elegante e gentil senhor, não é muito chegado às mulheres. Não importa, eu não preciso de me amparar em homens, preciso sim, de uma boa companhia.
Aqui a noite acaba realmente com o nascer do sol. Da varanda do hotel, vislumbro um belo céu estrelado e ouço lá embaixo sons de uma orquestra tocando musicas românticas, aí sim, vem uma saudade grande e gostaria de ter alguém querido para dançar bem juntinho.
Várias atrações estão acontecendo e saímos de carro para visitar as praias, aproveitando o belo sol de outono. Pelas ruas circulam gente de vários países. Nas areias douradas da praia, mulheres de todos os tipos, jovens e velhas, feias e bonitas, exibiam seus corpos seminus. Algumas caminhavam naturalmente, com os peitos à amostra. Tenho certeza que corei, apesar de estar acompanhada de um homem civilizado.
Passamos por pequenas cidades, uma atrás da outra, tudo como num país de fantasia. Em Juan les Pin chamou à minha atenção nas ruas homens e mulheres idosos, outros velhíssimos, mas quase todos elegantes e bonitos, apesar de alguns beirarem ao ridículo. Mas com certeza ricos e cheios de vida. Muitos deles, mesmo com a idade avançada, pedalam bicicletas levando compras, num vigor de causar inveja.
Voltamos para Nice e a noite foi magnífica. Jantamos no Negresco, famoso hotel que no passado era o preferido dos escritores, poetas e estrelas do cinema. Um lugar lindo. Parecia estar num sonho. À minha volta homens charmosos, mulheres elegantes e cobertas de jóias. Um mundo bem longe da minha realidade. Dançamos até tarde e depois nos despedimos. Agradeci a companhia do amigo e voltei para o Hotel.
Adormeci e acordei cedo com o toque do telefone. Desci para o café da manhã. Em seguida partimos para St. Paul de Vence e novamente fiquei estonteada da mágica beleza dessa encantadora cidade amada pelos grandes nomes da pintura universal. Almoçamos no “La Colombe d´Or”, onde no passado Picasso e outros artistas pagavam com seus quadros as refeições consumidas. Hoje o Restaurante é um quase museu. Que belo fim de semana amigo. Abraços com ternura e afeto. Cannes, Outono de 2011.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Amigo do Coração


Este ano resolvi vir à França numa excursão com pessoas simpáticas e solidárias. Vamos visitar algumas das pequenas cidades que fazem desse país um mundo rico e maravilhoso. Pela primeira vez vou conhecê-la de Norte a Sul. Saímos de Paris com destino à Normandia.
Visitamos Angers, Arromaches, cidade museu que guarda a história do desembarque das tropas na segunda guerra mundial. É interessante a gente ver através dos séculos fatos que fizeram à história. De Caen partimos para Dinard onde já estive num passado longínquo, jovem e com o coração cheio de amor por este país.
Apesar do tempo passado o entusiasmo permanece por essa terra dos Louíses. São épocas diferentes, mas a mulher é a mesma de ontem. Leve, livre e solta. Prosseguimos a viagem e almoçamos em St. Malo, cidade banhada pelo Atlântico com um porto muito importante. No verão é o refúgio dos franceses e turistas.
Agora, depois de quase três décadas volto ao Monte St. Michel e lembro do animado grupo de amigos que me acompanharam e do meu quase desmaio ao chegar ao alto da montanha. Nada mudou. As paisagens são estáticas e permanecem vivas através dos séculos. Feliz o povo que sabe conservar a sua história. Hoje, me limito a caminhar pelas ladeiras centenárias agradecendo a Deus tantas benesses.
Todas as vezes que venho aqui manifesto o desejo de um dia poder passar uma longa temporada numa pequena cidade, conviver com o seu povo e entender melhor os seus costumes. Apesar de amar demais a minha família ainda não desisti da idéia. Aí sim eu deixaria o meu coração para sempre. Abraços com muitas saudades da amiga. Normandia, outubro de 2011,